terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Apenas cinco edições

O mercado altamente competitivo e ainda desconfiado é apenas um dos motivos para o cancelamento da impressão da Revista Falas e Fatos. Após cinco edições, verificamos que a meta de anunciantes e assinantes não havia sido atingida, e os custos de impressão e logística não seriam cobertos. Assim, prevendo um declínio de faturamento ainda mais acentuado no primeiro trimestre de 2010, a decisão de cancelamento se fez necessária.


E, fazendo os cálculos, se percebe que, se metade das empresas que preferiram ‘esperar um pouco mais’ tivesse investido, estaríamos ainda publicando a revista.

Fica o agradecimento às pessoas e empresas que acreditaram no projeto desde o início.

Aqui, para acesso a todos os interessados, as principais reportagens desenvolvidas para as cinco edições.

PROJETO PARA DIMINUIR DANOS DAS ENCHENTES JÁ TEM 50 ANOS – Edição 1

Químico aposentado preparou dossiê com todo o andamento do projeto de um Canal Extravasor no Rio Caí, desde a década de 1950 até os dias atuais, e tem convicção da viabilidade da obra.




PROJETOS

O técnico químico aposentado João Luiz Pires Boos reuniu documentos que comprovam a preocupação com as conseqüências das cheias do Rio Caí desde meados do Século passado. Comerciantes que utilizavam o rio para escoamento das mercadorias já manifestavam suas queixas quanto aos prejuízos que as constantes enchentes causavam aos negócios.

A cheia histórica de 1941 – quando a água atingiu 6,97m acima do nível normal – foi o ponto de partida das reclamações, que uma década depois levaram o então prefeito Hélio Alves de Oliveira a pedir um estudo sobre a questão. Era a primeira vez que o assunto era tratado em âmbito governamental. A intenção do prefeito, porém, esbarrou no Legislativo da época. “Os vereadores não aprovaram a liberação das verbas”, relembra o ex-funcionário da Prefeitura, Luis Argenti Pereira, que acompanhou todo o processo, transportando documentos e mantendo contato com os engenheiros responsáveis.

Na década de 1970, um estudo financiado pelo governo alemão apresentou algumas alternativas para as enchentes. Além de um canal extravasor, o projeto previa diques de contenção e comportas, que fariam o controle da passagem da água no retorno ao rio. Outra alteração importante seria a mudança de local do porto da cidade, que seria reconstruído no local onde atualmente está o balneário Afonso Kunrath. Esta obra manteria o nível da água regulada, na parte do rio que banha o centro da cidade. O alto custo do projeto, porém, acabou sepultando as pretensões de controlar as cheias do Rio Caí.

Em setembro de 1982, o então prefeito Ivan Zimmer encaminhou correspondência ao Ministro do Interior, Mario Andreazza, solicitando que o projeto alemão fosse revisto. As reivindicações foram endossadas em 1987 pelo deputado federal Constituinte Hilário Braun, que encaminhou seu pedido para Ronaldo da Costa Couto, então Ministro do Interior.

Em junho de 1989, uma reunião em São Sebastião do Caí, reunindo prefeitos dos municípios banhados pelo Rio Caí, deu nova esperança para o projeto. O engenheiro Wilson Ghignatti, diretor do DNOS (Departamento Nacional de Obras e Saneamento, extinto pelo ex-presidente Fernando Collor), afirmou na época que as obras poderiam levar cerca de cinco anos. Bastaria “um empurrão político”, de acordo com um documento da época. A empresa STE é contratada para avaliar o projeto alemão e complementá-lo. Com o fechamento do DNOS o projeto é abandonado pelo Governo.



A PESQUISA DE BOOS

Em 1996, o então assessor do Deputado Estadual Paulo Azeredo, João Luiz Boos, ouvindo a Rádio América, interessou-se pelo assunto tratado por José Alfredo Schmitz: construção de um canal de desvio para aliviar as cheias do Rio Caí. Assim que pôde, Boos procurou o radialista, e encontrou ali alguém para compartilhar a preocupação com as enchentes. “Desde que vim para Montenegro, na década de 80, acompanho com interesse o problema das enchentes que assolam a cidade”, relata Schmitz, atualmente exercendo mandato de vereador pelo PPS.

Contando com a ajuda de amigos e engenheiros ligados ao serviço público, Boos consegue recuperar o projeto elaborado pelo DNOS. “Ao receber, do amigo Rogério Santiago, os quatro volumes com as folhas amareladas e carcomidas pelo tempo, fiquei estarrecido com a grandeza de informações minuciosas daquele projeto que esteve prestes a ser iniciado em nossa cidade”, recorda o químico.

O engenheiro João Martins, da empresa STE, vencedora da licitação do DNOS, atende Boos, e esclarece todas as dúvidas existentes. “O João nos avisou que havia outra licitação em andamento, mas que a STE não iria participar”, lembra João Luiz Boos.

Schmitz sugere a Boos uma alternativa aos projetos apresentados até então: um canal, na altura do Morro da Mariazinha, com cerca de dois quilômetros de comprimento, construído sobre a caixa do rio. Assim, só receberia água quando houvesse cheias, desviando parte das águas, e não as represando.

Para tomar pleno conhecimento do assunto, Boos realiza pesquisas, entrevista engenheiros e faz levantamentos fotográficos. “Fiz tudo por minha conta, contratei até avião para fazer as fotos aéreas”, lembra. Ele descobre, durante a pesquisa, que do outro lado do rio, em território de Capela de Santana, há uma lavoura de arroz, que foi notificada pela Justiça por ter construído diques irregulares, além de desmatar a vegetação ciliar, ferindo a Lei Ambiental. O processo corre no Fórum de Portão e está em fase de definição. “Foram feitos diques com mais de um metro de altura, e isto acaba empurrando a água das cheias para Montenegro”, afirma.

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Caí, através de seu secretário executivo Ricardo Süffert, alia-se a Boos na luta pelo projeto, no início do novo Século. Süffert encaminha correspondências para deputados e autoridades, manifestando seu apoio e ressaltando a importância da obra para a população de Montenegro e Vale do Caí.



CONCLUSÃO DA EMPRESA

A licitação aberta pelo Governo do Estado, para elaborar serviço de consultoria referente à primeira etapa do projeto, é vencida pela empresa Profill, que realizou estudos entre 2003 e 2007. Em seu relatório de conclusão, a empresa relata que “o canal extravasor é uma solução apenas parcial para as enchentes”, e indica que seria mais recomendável a “adoção de medidas não-estruturais para a mitigação das enchentes”. De acordo com os cálculos da empresa, a construção de um canal custaria cerca de R$ 9 milhões.

A Profill entende que “a remoção de famílias das áreas alagáveis, apesar de sofrer resistência das próprias populações atingidas, ser relativamente cara, é significativamente mais barata que o canal extravasor”. Outra solução apresentada pela consultora é a “previsão antecipada de cheias”, porém lembra que com as “duas leituras diárias” realizadas atualmente, não seria possível.



SOLUÇÃO NECESSÁRIA

Seja com a construção de um canal extravasor, ou com adoção de outras medidas, como transferência dos moradores das áreas de risco, ou estabelecendo um sistema de previsão de cheias, com um plano de evasão da população ameaçada, o certo que o Poder Público não pode mais se abster de buscar uma solução que amenize os danos e prejuízos financeiros causados pelas enchentes que atingem Montenegro a cada precipitação mais acentuada de chuva. Torna-se inadiável a ação governamental no sentido de tomar as medidas necessárias, que se não eliminarão, pelo menos poderão reduzir os efeitos das cheias.

A ÚLTIMA CARREATA DE IVAN – Edição 2

Por JB Cardoso


O cortejo saiu de frente à antiga usina Maurício Cardoso, subiu a João Pessoa, parou em frente ao Palácio Rio Branco, local onde Ivan Zimmer chefiou o Executivo de Montenegro por três mandatos.

Deixando a Prefeitura para trás, passaram por outras ruas do centro da cidade, do jeito que Ivan fazia quando estava em campanha. As pessoas paravam nas calçadas para assistir à carreata. Mas não viram a figura do homem que conquistou eleitores e amigos com seu jeito simples e autêntico. Muitos gostariam de ver Ivan Zimmer acenar para todos, talvez até jogando umas balas, como gostava de fazer.

No carro de bombeiros, um caixão levava o corpo do ex-prefeito, que se não foi unanimidade no campo da conduta política, foi citado por todos como um exemplo de honestidade.

A saudade já apertava o peito de amigos, eleitores e admiradores, quando o cortejo se desfez, e o caixão com a família seguiu para o crematório. Lá, seguindo a última vontade do ‘Amigo do Povo’, o corpo será cremado, para que suas cinzas sejam jogadas de cima do Morro São João, para pairar sobre a cidade que ele tanto amou.

Foi a última carreata de Ivan Zimmer.
(Foto: Guilherme Baptista / Jornal Fato Novo)

AS FAÇANHAS FARRAPAS – Edição 2

Quais foram as razoes da guerra? Quais façanhas dos Farrapos devem ‘servir de modelo a toda a Terra’, como diz o Hino Rio-grandense? Que imagem do Rio Grande do Sul tem uma pessoa nascida em outro estado? A seguir, as respostas.




Por JB Cardoso

Há 174 anos, em 20 de setembro de 1835, riograndenses descontentes com o tratamento dispensado pelo Império à província de São Pedro do Rio Grande do Sul invadem Porto Alegre e dão início à maior guerra civil travada em solo brasileiro. Por dez anos a pampa gaúcha foi palco de combates entre os revoltosos, apelidados de ‘Farrapos’ devido ao estado de seus uniformes, e as tropas imperiais. A paz foi selada em 1845, em Ponche Verde, depois que o Duque de Caxias assumiu o comando das tropas no Sul.

Para os rio-grandenses a Revolução Farroupilha é mais que um fato histórico. O ‘Decênio Histórico’ – como ficou conhecido aquele período – representa a afirmação do orgulho gaúcho.



OS MOTIVOS

As causas, de acordo com o tradicionalista Flávio Patrício Vargas, foram bem maiores que o descontentamento com a sobretaxa do charque, como contam os livros de História. “A questão do charque foi o motivo econômico”, explica. Vargas ressalta que havia na época, um abandono da província por parte do governo imperial. “Não tinha escola, nem estradas, nem pontes, um abandono total”, enumera. Os estancieiros queriam uma contrapartida pelo empenho que tinham com a guarda das fronteiras. “Por 200 anos, os donos das terras defenderam os interesses portugueses, e não tinham o respeito que mereciam”, explica.

No campo político, crescia o sentimento republicano, influenciado pelas experiências européias (sobretudo da França) e dos Estados Unidos, que já haviam declarado sua independência, tornando-se uma república. “A autonomia dos estados, tal qual nos EUA, era o sonho dos republicanos do Sul”, ensina Vargas, lembrando que as idéias eram disseminadas pelos maçons da época. Porém, o grande líder farrapo não queria a república. “Bento Gonçalves era imperialista, só exigia mais respeito para a província. Mas traiu a si próprio para não trair seus companheiros, ao contrário de Bento Manuel Ribeiro, que para não abandonar suas idéias, traiu a todos”, relata Flávio. Foram os ideais republicanos que atraíram outros líderes para a Revolução, como os italianos Garibaldi e Tito Lívio.



MODELO

O Hino Rio-grandense fala das façanhas dos Farrapos. Mas qual das façanhas do ‘Decênio Heróico’ pode servir, hoje, de ‘modelo a toda a Terra’? Para o tradicionalista Claudio Braga, o que falta hoje é a “fibra guerreira”. Segundo ele, “estamos muito calmos. Naquela época, uma denúncia como esta contra o Governo do Estado, já teria gerado uma reação, e todos seriam depostos”. Falta, de acordo com Braga, o grito de “basta!”. “Temos que começar outra revolução, com uma nova postura nacional”, opina.

Claudio Braga entende que a cultura pode ser a arma desta revolução moderna. “Cada invernada, cada piquete, DTG ou CTG representa esta história, que é a principal façanha gaúcha”.





IMAGEM

Para pessoas de outros estados, que vivem ou viveram no Rio Grande do Sul, a imagem do gaúcho sempre impressiona. Seja pela cultura, pelo orgulho de pertencer a um povo guerreiro, pelas posições firmes, o povo riograndense é admirado pelos ‘estrangeiros’ que passam pelo estado.

Fernando Ribeiro é paulista, criado no Rio de Janeiro e na Bahia. Há cinco anos está radicado no Rio Grande do Sul, e não esconde a satisfação em participar de eventos que evocam a cultura gaúcha. “Ser gaúcho é amar o Rio Grande do Sul, é ter noção da História e da cultura deste estado maravilhoso! Apesar de não ter nascido no RS, me considero ‘gaúcho’, pois, além de degustar um ‘amargo’, uso minha bombacha com botas e, quando posso, estou presente em eventos como a Semana Farroupilha”, declara.

O carioca Marcelo Francisco de Mello viveu por anos no estado, e trabalhou na empresa Tanac. Ele conta que aprendeu que “existe uma outra Pátria, a Pátria Gaúcha”. Segundo ele, “é de impressionar o orgulho deste povo, o orgulho de ser Gaúcho, de ser colorado ou gremista, de ostentar o pavilhão "nacional" - a bandeira do Rio Grande do Sul, Tchê”.

“Neste Estado querido e que aprendi a amar, deixei uma semente, um filho que amo muito e mora em Cruz Alta, no centro do estado, este ano vai completar 8 anos. E este piá adora as coisas do Sul”, continua o carioca, que atualmente está radicado no interior de São Paulo.

Ele define que “ser Gaúcho é ter orgulho de si mesmo, ter orgulho da sua terra, da sua história. Ser gaúcho não é simplesmente usar roupas típicas, beber chimarrão ou simplesmente dizer que ama a sua terra. O verdadeiro gaúcho ama a sua pátria sim, por que em primeiro lugar vem o Rio Grande, em segundo o seu time de coração (ah, nada mais delicioso do que assistir a um Gre-nal no Beira Rio (eu mesmo fui a dois)). Ser gaúcho é ser Internacional ou Grêmio, e em terceiro é ser Brasileiro, por que para o Gaúcho ser brasileiro é um detalhe, pois a verdadeira pátria é a Gaúcha. Me sinto feliz de ter conhecido esta terra, de poder viver com este povo durante oito anos, espero um dia poder voltar ao seio desta amada pátria, deste estado que acima de tudo se orgulha de ser o que é, e o que representa”.

E, unindo duas paixões bem gaúchas, Marcelo Mello finaliza: “Glória do desporto nacional, glória da cultura, pois até a pé nós iremos, onde for, para o que der e vier. Viva o Rio Grande do Sul!!!!!”


“O povo que se formou aqui, não foi por demarcações geográficas de fronteira, mas pelo calor do fogo dos acampamentos militares, marcando estas fronteiras a ponta de lança e pata de cavalo”. Flávio Patrício Vargas.

O PLANETA EM PERIGO – Edição 3

Tornados, ciclones, enxurradas, secas e inundações (fenômenos que atingiram Montenegro e região) são causados pelo aquecimento global e criam condições para o surgimento de doenças endêmicas entre animais e seres humanos. Esta é a face mais terrível das variações climáticas que vêm se verificando nos últimos anos.


A região do Vale do Caí, a exemplo de todo o Sul do Brasil, sofreu nos últimos anos com enchentes e estiagens severas, além de um tornado que atingiu a localidade de Coxilha Velha, na divisa de Montenegro com Triunfo, em setembro de 2008, deixando um rastro de destruição.

Um estudo, divulgado no mês de setembro pela revista “Public Library of Science”, assegura que, devido a estes extremos, muitas doenças que antes o organismo humano tolerava podem se tornar em epidemias mortais para os animais, incluindo o homem.

Focos de cinomose canina, que vitimaram um grande número de leões no Parque Serengeti e na Cratera de Ngorongoro, na Tanzânia entre 1994 e 2001, serviram de base para as pesquisas. Segundo o estudo, esta doença havia afetado o ecossistema da região, porém não havia causado a morte dos animais.

"O estudo ilustra a forma como os fatores ecológicos podem produzir fenômenos de mortandade sem precedentes, e sugere que as infecções são a causa principal da maioria dos casos de morte em grande número que ocorrem na natureza", disse Craig Packer, professor de Ecologia, Evolução e Comportamento na Universidade de Minnesota.

AQUECIMENTO GLOBAL

O efeito estufa é um processo natural que ocorre devido ao acúmulo de gases, que formam uma barreira que impede o calor do Sol de sair da atmosfera. Esse fenômeno é o que mantém o planeta aquecido e possibilita a vida na Terra. Entretanto, quando a concentração desses gases é excessiva, mais calor fica retido na atmosfera.

Ao longo do século XX, a temperatura global aumentou em torno de 0,6ºC. A década de 90 foi considerada a mais morna e o ano de 1998 o mais quente desde que se iniciou, em 1861, o registro instrumental da temperatura. A previsão é que a temperatura global aumente em média 3º C até o final do século XXI. Com um aumento nos pólos da ordem de 7º C e inferior a 3º C na região tropical.

A partir da Revolução Industrial, o nível de CO2 (gás carbônico) - um dos gases principais do efeito estufa - aumentou 31%. Sendo o CO2 um gás que absorve radiação infravermelha, com o aumento de sua concentração a temperatura tende a subir. O CO2 aumentou em concentração de 280 ppm (partes por milhão), em 1850, a 365 ppm, em 2000. As projeções indicam concentração da ordem de 700 ppm no fim deste século.

A saúde humana poderá também ser posta em risco. É previsível um aumento de doenças como malária e cólera. Sociedades mais pobres e menos desenvolvidas seriam as mais vulneráveis a tais problemas. A habilidade das pessoas em adaptar-se às mudanças climáticas depende de fatores como riqueza, tecnologia, infra-estrutura e acesso aos recursos naturais. Além disso, as sociedades mais pobres do mundo dependem mais de recursos hídricos e agrícolas, justamente os sistemas que mais deverão sofrer os efeitos da mudança do clima.

O QUE PODE SER FEITO?

A questão mais relevante, hoje, do ponto de vista científico (e da prevenção), é descobrir e quantificar o efeito das partículas de aerossóis no clima. Parte dessas partículas resfriam a superfície, mas parte delas absorvem radiação solar e tem efeito de aquecimento.

A observação da superfície consiste de procedimentos sistemáticos e padronizados, visando à obtenção de informações qualitativas e quantitativas referentes aos parâmetros meteorológicos, capazes de caracterizar plenamente o estado instantâneo da atmosfera.

A quantidade e a confiabilidade das operações meteorológicas são propriedades que devem ser visadas pelo sistema de coleta de dados. Para isso, dois pressupostos tornam-se imperativos: a disponibilidade de recursos financeiros e a existência de pessoal técnico-operacional, quantitativa e qualitativamente adequados.

Um debate acerca do tema ocorreu no último dia 28 de setembro, em Montenegro, onde foi debatida a possível – e necessária – instalação de um radar meteorológico no Rio Grande do Sul. O diretor da empresa Atmos Móbile Radar, Fábio Fukuda, mostrou o trabalho realizado pela empresa no País e salientou a importância da confiabilidade das previsões. “Nosso equipamento pode prever, com três horas de antecedência, a intensidade da chuva que vai atingir determinada região, numa área restrita a 500 metros de raio, o que permite aprimorar o trabalho de assistência às vítimas”, explicou.

O ambientalista Andre Venâncio ressalta que não no estado nenhuma estação climatológica para este tipo de previsão. “O monitoramento não evita os fenômenos naturais, mas nos permite tomar outras providências. Sabendo as características de cada região, pode-se construir moradias mais sólidas, em locais mais apropriados, disciplinar o uso do solo, desenvolver tecnologias de prevenção... Não precisaremos esperar a enchente bater à nossa porta para tomar as providências. Com certeza o monitoramento permite diminuir muito os prejuízos”, afirma.

No fim do encontro, foi elaborada uma carta de intenção que será entregue ao Governo do Estado. No documento, serão apresentadas as necessidades de implantação desses equipamentos no Rio Grande do Sul.

FEIRA DO LIVRO: BOM PÚBLICO, POUCAS VENDAS – Edição 4

Por JB Cardoso


A 7ª Feira do Livro de Montenegro – e 2ª do Vale do Caí – encerrou no último dia 07 de outubro com uma boa freqüência de público, porém, com baixa vendagem de livros. Expositores acabaram vendendo menos que na edição do ano passado.

O principal motivo, apontado por alguns, é a localização. “A Estação da Cultura é um lugar muito bom, com boa estrutura para o evento, mas o público que a Feira precisa está mais no centro da cidade”, analisou o escritor Pedro Stiehl, que participou de todos os dias da Feira, acompanhando o Grupo Rua dos Cataventos, em entrevista ao programa Falas e Fatos. “Lá (Praça Rui Barbosa, centro da cidade) há um público permanente, que é atraído pelas atrações da Feira, e acaba adquirindo livros”, argumenta Stiehl.

O poeta Paulo Rodrigues concorda com Pedro Stiehl quanto à localização do evento. “Talvez seja o caso de uma nova consulta popular, para saber o local da Feira do ano que vem”, sugeriu.

Houve diversas sessões de autógrafos – Emma Moraes (patrona da Feira), Oscar Bessi Filho, Lourenço de Oliveira, Paulo Rodrigues, Verça, Jairo Barbosa, Hilda Atkinson, Fernando Pereira e Carlos Leser. Também muito concorridas foram as oficinas com escritores e apresentações artísticas. Uma das presenças mais marcantes foi a do cartunista Santiago, que ministrou palestra sobre desenho de humor, ao lado de Verça e Gerson Tasca.

PROBLEMAS DO SISTEMA PRISIONAL GAÚCHO ATINGEM O VALE DO CAÍ – Edição 4

POR JB CARDOSO


A inauguração de uma ala com 76 vagas para mulheres na Penitenciária Modulada do Pesqueiro, em Montenegro, no último dia 13 de outubro, foi saudada pelas autoridades presentes ao ato como um avanço no Sistema Prisional gaúcho. A verdade, porém, é que muito ainda há que ser feito na área de segurança pública no Estado. No dia da inauguração, já estavam, isoladas em uma ala do presídio masculino, 92 mulheres detidas nos últimos dias. Elas foram encaminhadas para Montenegro em razão da interdição do Presídio Feminino Madre Peletier, em Porto Alegre.

Com a presença da Penitenciária Modulada e do Presídio Estadual - que abriga apenados do regime semi-aberto - Montenegro e a região do Vale do Caí são afetados diretamente por estes problemas. Além de se manter o déficit de vagas (calculado em 12 mil), o aumento da infra-estrutura da Penitenciária atinge diretamente a Brigada Militar, que terá que deslocar efetivo para fazer a guarda externa da cadeia, tirando soldados das ruas.



INTERDIÇÕES

O presídio de Pesqueiro foi alvo de uma Ação Civil Pública, imposta pelo Promotor de Justiça Especializada, Thomaz de Paola Colleto, devido à precariedade do sistema de esgotos do local. “Este problema foi resolvido. Mas pedimos audiência com o Estado e a Fepam (Fundação Estadual de Proteção ao Meio Ambiente), na qual vamos propor um acordo judicial para que seja mantido um monitoramento do esgoto, para que o problema apresentado não volte a se repetir”, explica Colleto.

No momento, o estabelecimento está sob uma liminar, impetrada pelo advogado montenegrino Pedro Piqueres, que proíbe obras de construção do quinto módulo. A nova ala entregue foi uma adaptação no prédio destinado ao alojamento de policiais.



PERCIVAL PEDE DESATIVAÇÃO DO ALBERGUE

Um levantamento do Tribunal de Justiça do Estado, apresentado no mês de setembro, apontou que mais de 50 mil presos fugiram do sistema carcerário, nos regimes fechado e semi-aberto do Rio Grande do Sul, nos últimos 10 anos. A maior parte das fugas ocorreu do sistema semi-aberto. Devido a este cenário, agravado pelas informações de que a maioria dos crimes é cometida por apenados beneficiados pela progressão, o prefeito de Montenegro, Percival de Oliveira, pediu em público ao secretário de Segurança, general Edson Goularte, que o Estado retire do centro da cidade o Presídio Estadual. “A casa prisional fica ao lado de uma creche, e é motivo de apreensão constante de pais e professores”, afirmou o prefeito. Goularte respondeu, em seu pronunciamento, que “se o presídio está causando problemas, temos que encontrar uma solução”, ressaltando que “temos que unir esforços para que estes problemas deixem de existir”.

O superintendente da Susepe (Superintendência dos Serviços Penitenciários do Rio Grande do Sul), Mário Santamaría Júnior, lembrou que os apenados do regime semi-aberto “estão quase retornando ao convívio da sociedade, e devemos evitar o preconceito”. Ele ressaltou que “queremos mostrar à sociedade que estes presos estão recuperados”.



INFLUÊNCIA NO EFETIVO

O delegado titular da Delegacia de Polícia de Montenegro, Volnei Fagundes Marcelo, explica que com as vagas abertas para mulheres no presídio do município, haverá benefícios para o trabalho policial. “Não precisaremos mais deslocar pessoal para levar as presas até Porto Alegre, e isto para nós é muito importante”, afirmou, ressaltando que “este Governo (Yeda Crusius) é o que mais está investindo na criação de vagas nos presídios do Estado”.

Uma autoridade ligada à Brigada Militar, que pediu para não ser identificada, relatou a preocupação da entidade. “Para esta nova ala serão deslocados mais policiais para fazer a segurança, e estes sairão do policiamento urbano”, afirmou. Sobre a recente promessa de aumento de efetivo, o comentário não deixa dúvidas sobre a gravidade do problema. “Serão em torno de trinta soldados que, na verdade, vão apenas suprir as vagas abertas pelos que saíram no último ano”. Atualmente, 240 alunos fazem o Curso Preparatório para ingresso na corporação. No Estado são mais de três mil recrutas.